segunda-feira, 13 de junho de 2011

Modas

Ok, ok!

Depois do meu post anterior, pode-se inferir que eu não estaria propriamente virado para as escritas hoje.

Fui passear pelo Facebook. Ver o que andava o pessoal a fazer por lá, deixar uma música no mural da minha mais-que-tudo e vir-me embora.

Era esse o plano.



Mas quando fui à página principal, fiquei simplesmente parvo com a quantidade de pessoas que andam entretidas a fazer citações, umas em português mas grande parte em inglês, de outras pessoas, umas mais famosas que outras. Os temas dessas citações andam sempre à volta do mesmo: amor e personalidade. De entre as muitas, apenas três exemplos, para não enjoar (muito...!). 
"Quanto mais diferente de mim alguém é, mais real me parece, porque menos depende da minha subjectividade." - Fernando Pessoa
"Whenever you find yourself on the side of the majority, it's time to pause and reflect." - Mark Twain
"Esta vida é tão curta que é melhor dares valor a quem te dá ati ! Não percas tempo com quem queres que te de."
Virou moda, é?!

O Doce da Vida

Queria partilhar com o mundo a minha alegria e regozijo. Queria tentar traduzir por palavras aquilo que sinto por aquela por quem o meu coração bate. Queria... mas prefiro guardar esses sentimentos apenas para mim. Sou demasiado egoísta.

... estou simplesmente a viver um sonho! =)

terça-feira, 7 de junho de 2011

Falling Away From Me

The day is here fading
That's when i'm insane
I flirt with suicide
Sometimes kills the pain
I can always say
It's gonna be better tomorrow
Falling away from me
Falling away from me



Foram cinco anos de luta, estudo e borga.
Se tivesse excluído a última parte, te-los-ia feito em apenas três, mas não foi o que aconteceu. Além disso, a borga também faz parte da vida. Eu pelo menos assumo a minha responsável irresponsabilidade, na medida em que fui encarregue (psicológica e financeiramente) pelos meus estudos e não lamento os dois anos que perdi em termos de curriculum.

Aquilo que me ponho a lamentar é que ao fim de dois dias de procura pela net de emprego na área industrial, o que encontro são vagas para técnicos especializados como soldadores, torneiros, serralheiros ou então diplomados em electrotecnia e automação.

Porra! Eu há anos que digo que o que gosto é mesmo automação, controlo e todas as artes associadas e, qual chapada do destino, sinto hoje que o curso dito polivalente e com 100% de empregabilidade que tirei não serve. Por duas vezes ouvi já dizerem-me que tenho um bom curso mas que é demasiado valente, demasiado vago.

E cá estou eu, perdido... call-centres, venham a mim! E enquanto isso, deixa lá ver quanto custa um curso de electrotecnia no ISEL.

Three simple rules

1. If you don't go after what you want, you'll never have it;
2. If you don't ask, the answer will always be no;
3. If you don't step forward, you will always be in the same spot.

domingo, 5 de junho de 2011

Jeremy

And he hit me with a surprise left
My jaw left hurting
Oh dropped wide open
Just like the day
Oh like the day i heard



Em puto tive vários diários mas nunca os soube usar. Por diversas vezes tentava começar um diário mas limitava-me a descrever o meu dia-a-dia durante um punhado deles e depois, enfadado, deixava de o fazer.
 

Hoje sei que apenas determinados acontecimentos despertam a minha necessidade de escrever. Apenas os sentimentos que advêm dessas situações, na verdade. Amor, ódio, raiva, saudade, tristeza, alegria... e em criança essas coisas não se manifestavam como hoje. Era tudo mais relativizado, não as entendia e como tal não conseguiria construir opiniões fundamentadas. Normal, acho eu.

Quando era mais novo, a minha felicidade cingia-se a poder ir andar de bicicleta ou a espalhar Legos pelo chão da sala; a minha tristeza manifestava-se na impossibilidade da minha felicidade; não me lembro de alguma vez ter sentido raiva senão quando os Legos que possuía não eram suficientes para a empreitada em curso; ódio foi um sentimento que apenas descobri já na adolescência, embora não o soubesse na altura. Mas uma coisa que tive desde que me lembro, e muito, foram saudades. Mas nunca as escrevi, talvez porque sentar-me no chão a brincar ou montar-me em cima dos pedais me permitia abstrair delas. Gostava que ainda assim fosse.

Isto não é um lamento, apenas uma introspecção... hoje isso também já virou passado e por isso não vou escrever sobre o que poderia ter escrito no passado, sobre eventos com já duas décadas, desenterrar memórias e acontecimentos que ficaram esquecidos e que assim se querem.

Hoje fui simplesmente ler alguns dos apontamentos que tenho feito quando não tenho internet disponível para os publicar de imediato, os quais preciso anotar para não me esquecer. Às vezes é aquela frase, naquela hora, e não me posso dar ao luxo de a perder. Muitas vezes, quando vou para as publicar, refreio. O sentimento já afrouxou; as palavras já não fazem sentido; ou simplesmente, mais calmo, me apercebo que escrevi coisas impulsivamente e sobre as quais já meditei mais e melhor e já não são o que pensava serem.

Aconteceu que hoje encontrei dois apontamentos feitos há uns meses atrás os quais pensei terem sido impulsivos e não tão  acertivos quanto isso, mas quero hoje publicá-los. Estão em inglês porque às vezes me apetece escrever em inglês; não os traduzo porque sei que cairei na tentação de alterar uma vírgula ou duas...


Jeddah, Saudi Arabia, Jan. 09th 2011 17:31 (GMT+3)

Where is the excitement?!

I stopped to think in my present condition: I’m working abroad, doing what I said… what I thought I wanted to do for living, having done practically a voyage around the world, but I feel no excitement at all. I find no reason that makes me want to wake up in the morning, I find no job interesting and I’m always looking at the clock looking for the time I can get some sleep: at least the time flows by a little bit faster.
Should I feel like this?! Do other people live like this?
A month ago I went ashore in China. After practically 3 months on board, I stepped solid ground in a place it’s said to be half work away and… well, banal! I was expecting to feel like a child, smashing my face against the car’s window looking at everything, trying to absorb every detail, but that didn’t happen. In fact, it seemed just like a trip to a chinese store back home: the same smell of boiled rice mixed with dust and baby poo, the same dirt found in those same stores and a lot of Chinese who speak nothing else but their home language.
China is definitely a dirty country. I’ve been told this before but now I saw it with my own eyes. They are simply dirty people, the streets are all filled with dust and the air is thick and chocking. Too noisy, too much confusion, chaotic traffic, too many neon lights.
Today we’re at anchor in Jeddah, Saudi Arabia’s Red Sea cost. We are simply waiting for the end of the month to finally discharge our cargo in a nearby port. Today I feel miserable, missing everybody in general, one in particular. Today I try to fill my free time reading, playing games or watching movies, but nothing catches my attention. I also tried to walk on deck, but I don’t really want to move a muscle. I try to sleep, but I mind doesn’t let me.
I’m running out of options here. I don’t know what to do with my life, I don’t know what I want if I really want anything at all.
All I want in life is to be happy.


Jeddah, Saudi Arabia, Feb. 21st 2011 19:28 (GMT+3)
This happened not long ago.
It’s said that man is a creature of habits. Especially when one is confined in a small space for a long period, these habits tend to manifest themselves with a bigger emphasis.
This mean that, besides getting out of the bed at 07h00m and check my e-mail at 19h00m on a daily basis, I have a peaceful American Coffee in the ECR soon after lunch together with third engineer. During these coffee’s, we either discuss some subjects related to our work on board or some other bullshit.
During one of these coffees somewhere last week, we had no subject to discuss. Because a long silence is most times very disturbing, I just said something like “within 4 hours we’re done for today!” and put a big smile in my face.
- And why is that you want 17h that much? Have you got a date?!
For those who don’t get the irony in his words, we have been anchored 12 km’s outside of Jeddah for the last two months. And even if we weren’t, we certainly wouldn’t be able to go ashore anyway, so of course I didn’t have a date of any kind.
However, the answer to his question was simple: the sooner the time goes by, the sooner I’m back home.
After this I realized that for the last 4 or even 5 months I have been counting the time in weeks, not in days. “They signed-off two weeks ago” or “it took us five and a half weeks to get to China” are two examples of how I began to relate time. I don’t find it good, because while ashore I always find situations on my daily life that set a mark, something that I will remember for a while and will help me to relate time; here I don’t. All days are equal and I hardly find something that can make each day unique. And so, I feel like time is going by fast, carrying along the life I could or I wish I could have had.
Yeah, I’m still young you might say; but so they were when they came on board 30 and 40 years ago and look what they have turned into…!

Para terminar, como diria António Gedeão «o sonho comanda a vida» e ser embarcadiço deixou de ser o meu sonho.

Even Flow

Algures sobre Innsbruck, 04 Junho 2011 16:12 (GMT+1) 

Even flow, thoughts arrive like butterflies
Oh, he don't know, so he chases them away
Someday yet, he'll begin his life again
Whispering hands, gently lead him away
Him away, him away...
Yeah!


Assim de repente, acho que tudo na vida se pode comparar com um peido.

Palavras. Tal como o primeiro, uma vez deitadas cá para fora não há volta a dar, estão ditas. Não se pode anular o dito da mesma maneira que não se pode esconder um traque malcheiroso. É incrível (e bem conhecido) o efeito de uma simples frase mal formulada. Nem o sincero “não foi isso que quis dizer!” o pode alterar.

Mas esta ideia apareceu-me não por ter sucumbido à tentação de libertar uma bufa em pleno avião (… a qual estava cá, confesso) mas sim por me ter apercebido que certas coisas que fazemos na vida, certas acções, uma vez feitas não podem ser desfeitas. Como o querer mudar de vida assim muito radicalmente. Agora, de malas aviadas e metido num avião, não há volta a dar.

Não me arrependo do que estou a fazer. Estou consciente do risco que corro e predisponho-me a corrê-lo. Talvez a vontade de dar um peido venha do receio que tenho de os meus planos falharem, de conhecer e saber bem que a Lei de Murphy tem fundamento e se aplica a tudo na vida. Talvez venha do facto de me sentir sempre a ser julgado, observado e comparado.

E atrás disto vem a sensação de solidão.

Paradise City

Mar Tirreno, 30 Maio 2011 20:58 (GMT+1)

Take me down to the Paradise City
Where the grass is green and the girls are pretty
Oh won’t you please take me home?
 


Começa assim este clássico do Rock.

A bordo, os dias sucedem-se sem grandes aventuras, novidades, emoções ou seja o que for. Vazios e rotineiros, depressivos e angustiantes, talvez seja esta a descrição que mais se aproxima da realidade.

Mais um dia se passou e decidi ir fazer a digestão do jantar com um passeio ao convés, apanhar ar fresco e sol, andar um pouco e afastar-me do barulho. Procurar um pouco de solidão no meio da já tanta solidão que é estar no mar. Pode-se perguntar se não é a mesma coisa, estar a olhar o mar e as nuvens à proa ou à popa, mas não é. A verdade é que lá, a vante, consigo pensar, afastado do zumbido dos ventiladores e do ribombar dos geradores.

Entretive-me a olhar o sol a brincar por entre nuvens e a tentar contar as ondas, perdido num emaranhado de pensamentos respeitantes a amores, desamores, trabalho, futuro, esperanças, putos, milhas por hora, colunas de água entre mil outras coisas. A certa altura, vi um avião a aparecer por detrás de uma nuvem e observei-o durante os cerca de cinco minutos que levou a passar, até desaparecer por detrás de outra nuvem qualquer. Foi então que cheguei a uma conclusão desconcertante.

Ora bem, antes de avistar o dito avião, estive a olhar o mar, como já referi. E durante 30 ou 40 minutos, estive aparentemente no mesmo sítio. Entenda-se, se tivesse tirado uma fotografia naquele minuto e a tivesse comparado com outra tirada 30 minutos antes, seria praticamente igual. Para mim, era como se estivesse parado. Já aqueles que iam no avião vêm algo diferente a cada minuto. Pelo menos, se alguém sequer espreitou pela janela, viram um navio perdido algures lá em baixo, parado.

E foi aí que me apercebi que eu aqui estou mesmo parado. Aqui fechado, apenas vejo a vida a passar por mim, os outros a passar. Porque, independentemente do tempo que passar, ao olhar para a frente terei sempre a mesma vista: um céu azul, ondas e nuvens. Os amigos, as oportunidades, momentos, alegrias, dissabores, resumidamente todas as coisas que uma pessoa dita normal tem diariamente passam-me ao lado, simplesmente porque estou isolado do mundo. Lembrei-me de algo que costumava dizer mas do qual parece que me tenho vindo a esquecer: não te arrependas do que fazes, mas sim daquilo que não fizeste.

Como posso pensar em ter uma vida privada dos pequenos prazeres diários em prol de meia dúzia de luxos espontâneos e fugazes?! Como me irei eu mesmo perdoar se daqui a 10 ou 15 anos ainda aqui estiver, no mesmo sítio, sem ter tentado chegar a algum outro?! Como posso eu hoje ter medo que me censurem de querer eu simples e figurativamente dar à praia?!

Há muito que conheço o meu lado depressivo e destrutivo. Há muito também que aprendi a contornar esse lado, procurando incansavelmente estímulos que o possam manter adormecido. Aqui é impossível. Simplesmente, encaro-me todos os dias de manhã e pergunto que estou aqui a fazer, o que espero obter daqui (pessoalmente e até mesmo profissionalmente, dado que isto já foi uma grande escola, mas hoje tenho sérias dúvidas, embora isso fuja do tema) e porque raios me permito ser voluntariamente prisioneiro a contrato.

O Shrek diz a certa altura à Fiona num dos filmes da saga que foi ela que o salvou a ele da torre e do dragão, não o contrário. Eu no fundo… pensando nisso, acho que o facto de o meu coração ter dono fez com que eu acordasse para esta realidade, com que no fundo tivesse consciência da minha miserável condição e que despertasse a vontade de fugir, de ter uma vida que não esta.

Lembro-me assim muito de repente da Alegoria da Caverna, essa obra fantástica e tão negligenciada pelos futuros seja-o-que-for do país, e apercebo-me do quão ela é assertiva em vários campos. Ora senão vejamos que, enquanto o meu coração estava livre (“apaixonado”, “iludido”, “enganado” ou qualquer outro adjectivo que não “comprometido” e simultaneamente “retribuído”), eu não me importava muito com esta vida. Quer dizer, era chata uma vez que não podia ir beber um copo, dar uma volta de bike ou simplesmente fazer gazeta e culpar uma gripe fulminante qualquer. Mas quando achamos aquele alguém que nos faz realmente olhar a vida de maneira diferente pela primeira vez, aquele alguém por quem vamos ali e mais além, tudo vem ao de cima e um simples avião é capaz de fazer grandes revelações.


E a acrescentar a tudo isto, há o factor monetário, mas esse não é para aqui chamado. Como diria alguém, "too fucking much information!" e já fica além do que quero partilhar. 

Pois bem, levei cerca de 25 minutos a conseguir organizar as minhas ideias e a passá-las a papel. A título de curiosidade, nestes mesmos 25 minutos o navio de onde me deprimo limitou-se a percorrer 8 600 metros, mais ou menos centímetro… É caso para se dizer “heading to nowhere fast”, hein?!