Não tem explicação.
De cada vez que se mete uma máquina de roupa interior para lavar, consegue-se sempre que o resultado sejam meias tresmalhadas. Ontem então foi algo de fantástico, pois consegui ter oito pares certos e três meias... sem par!
Mas o que é que se lhes acontece?! Na máquina não ficaram; da janela não caíram; no cesto não estão; na roupa também não...!
Há coisas que me ultrapassam. Um par tresmalhado ainda era aceitável, mas logo três?!
segunda-feira, 28 de maio de 2012
terça-feira, 22 de maio de 2012
É segredo!
Quando era pequeno, lembro-me do entusiasmo que ficava quando alguém me dizia "é segredo". Era algo que apenas eu e poucos mais sabiam, o que por si só era fantástico. Por outro lado, o facto de terem depositado confiança em mim para saber algo que mais ninguém sabe enchia-me o ego, deixava-me feliz. Afinal, era alguém em quem confiavam, era um amigo.
Ao crescer, fui ouvindo cada vez menos "é segredo, não contes a ninguém", mas nem por isso deixaram de haver segredos. Entre outras coisas, o crescer traz o discernimento necessário para sabermos distinguir o que é um segredo daquilo que não é. É um componente directamente associado à maturidade.
É óbvio que se desabafo algo menos bom sobre seja o que for com alguém, não estou à espera de saber por portas e travessas que foi transmitido a outros. Se quisesse que outros soubessem, sou grande e vacinado o suficiente para o dizer por mim.
E isso deixa-me mesmo muito fodido.
É por essas e por outras que, com alguma frequência, oiço "estás sempre calado", "não desabafas comigo", "andas frio"... De vez em quando lá me esqueço do que a casa gasta, torno-me mole e sentimental e zás! ... levo um murro bem no meio do fuçinho.
Não tenho só mau feitio: sou é muito rigoroso com as regras pelas quais pauto o meu comportamento. As moscas não se apanham com vinagre... isso é certo.
Ao crescer, fui ouvindo cada vez menos "é segredo, não contes a ninguém", mas nem por isso deixaram de haver segredos. Entre outras coisas, o crescer traz o discernimento necessário para sabermos distinguir o que é um segredo daquilo que não é. É um componente directamente associado à maturidade.
É óbvio que se desabafo algo menos bom sobre seja o que for com alguém, não estou à espera de saber por portas e travessas que foi transmitido a outros. Se quisesse que outros soubessem, sou grande e vacinado o suficiente para o dizer por mim.
E isso deixa-me mesmo muito fodido.
É por essas e por outras que, com alguma frequência, oiço "estás sempre calado", "não desabafas comigo", "andas frio"... De vez em quando lá me esqueço do que a casa gasta, torno-me mole e sentimental e zás! ... levo um murro bem no meio do fuçinho.
Não tenho só mau feitio: sou é muito rigoroso com as regras pelas quais pauto o meu comportamento. As moscas não se apanham com vinagre... isso é certo.
segunda-feira, 21 de maio de 2012
Ainda me estás a ouvir?!
- ... ainda me estás a ouvir?!
- Estou.
Não lhe menti. Estava a ouvi-la de facto pois até consegui repetir as suas duas últimas frases na íntegra apenas para lho provar.
Só que o que ela queria saber era se eu a estava a escutar e, nesse caso, a minha resposta seria bem diferente.
É curioso como perante certas situações, alguns temas ou estados de espírito, somos capazes de ouvir o que nos dizem sem realmente escutar aquilo que está a ser dito.
Depois da minha resposta, pus-me a pensar nisto. Olhei o relógio e apercebi-me que estava a falar há cerca de 15 minutos e eu não me lembrava de nada da conversa, apenas das últimas frases. E assim continuava.
- ... é fantástico, não é?!
- É.
Que chatisse!
Não foi por querer... mas a conversa não me estava a interessar nada. O entusiasmo dela, os olhos brilhantes, deixaram-me continuar naquele estado, a admirar cada feição, cada pormenor do seu rosto, a lembrar-me de todas as coisas que me fazem querer estar do lado dela, enquanto ansiava que a conversa terminasse. Amar alguém também passa por isto: fazer de conta que nos interessamos pelas mesmas coisas, ceder.
Finalmente, bateram à porta. A minha mãe hoje vem para jantar. E o monólogo terminou por ali.
- Estou.
Não lhe menti. Estava a ouvi-la de facto pois até consegui repetir as suas duas últimas frases na íntegra apenas para lho provar.
Só que o que ela queria saber era se eu a estava a escutar e, nesse caso, a minha resposta seria bem diferente.
É curioso como perante certas situações, alguns temas ou estados de espírito, somos capazes de ouvir o que nos dizem sem realmente escutar aquilo que está a ser dito.
Depois da minha resposta, pus-me a pensar nisto. Olhei o relógio e apercebi-me que estava a falar há cerca de 15 minutos e eu não me lembrava de nada da conversa, apenas das últimas frases. E assim continuava.
- ... é fantástico, não é?!
- É.
Que chatisse!
Não foi por querer... mas a conversa não me estava a interessar nada. O entusiasmo dela, os olhos brilhantes, deixaram-me continuar naquele estado, a admirar cada feição, cada pormenor do seu rosto, a lembrar-me de todas as coisas que me fazem querer estar do lado dela, enquanto ansiava que a conversa terminasse. Amar alguém também passa por isto: fazer de conta que nos interessamos pelas mesmas coisas, ceder.
Finalmente, bateram à porta. A minha mãe hoje vem para jantar. E o monólogo terminou por ali.
sexta-feira, 30 de março de 2012
Tédio
Churchill afirmou existirem três tipos de pessoas: as que se preocupam até à morte; as que trabalham até à morte; e as que se aborrecem até à morte.
Não sei qual o meu tipo, mas espero não estar incluído no último grupo.
Não sei qual o meu tipo, mas espero não estar incluído no último grupo.
sexta-feira, 23 de março de 2012
A Solidão
É complicado.
Nos momentos difíceis, temos muitas vezes a tendência para procurar consolo naqueles de quem mais gostamos na esperança de aí encontrar a solução para os nossos males. Muitas vezes, o racional simplesmente perece perante o emocional...
Receava como seria o meu comportamento, receava ir-me abaixo, mas nada disso aconteceu. Ao que parece, era um assunto bem arrumado e não passa de um episódio trágico. Contudo, a minha frieza incomoda-me, não pela ausência de tristeza e melancolia mas pela situação em si. Que mais poderá ser tão triste como morrer e não ter quem nos chore, alguém em quem deixamos saudade?
Incomodou-me ter que limpar os últimos sinais dela, a bicharada e a humidade deixada no soalho, incomoda-me ver os seus pertences, mexer nas suas coisas, mais ou menos íntimas, mas ainda assim não consegui ainda verter uma lágrima.
Dei por mim ontem a olhar algumas das dezenas de fotos que estavam arrumadas nas caixas de sapatos, misturadas. Achei piada em ver algumas fotos de quando era miúdo e que nunca tinha visto, de ver a minha mãe mais nova que eu, de olhar rostos ancestrais cujos nomes já foram esquecidos e sentir que já foram gente... É algo que gosto muito de fazer, contemplar fotografias.
No meio de tantas, também ela lá tinha lugar. Uma fotografia de família, em particular, tocou-me: estava a pousar com a mãe e a irmã mais nova sob uma fotografia do pai. E houve um momento, bastante longo, durante o qual me senti triste enquanto a olhava. Por um lado, a percepção de que também ela ja fora jovem, que já possuíra um corpo e feições que eu não chegara a conhecer; por outro lado, era o mesmo olhar e isso tornou tudo muito real. Independentemente de tudo, devo-lhe parte do que sou. Nos bons e nos maus momentos, tudo pelo que passei me tornou no que sou e me levou a encarar as coisas como o faço. E lamentei. É muito triste um desfecho destes. É triste morrer sozinha, caída no chão de um quarto, esquecida.
Continuo a não conseguir chorar a sua falta, por mais grosseiro que possa parecer, mas cá tenho as minhas razões. Sinto-me muito triste quando penso que haviam todos os ingredientes para sermos família, daquelas que se junta em datas especiais ou simplesmente porque sim para comer e confraternizar; quando penso que a sua ausência deveria ser sentida; sinto-me triste quando percebo que não estou triste e que ninguém em torno o está; sinto-me triste quando penso que havia tanto que podia ter sido e não foi...
Nos momentos difíceis, temos muitas vezes a tendência para procurar consolo naqueles de quem mais gostamos na esperança de aí encontrar a solução para os nossos males. Muitas vezes, o racional simplesmente perece perante o emocional...
Receava como seria o meu comportamento, receava ir-me abaixo, mas nada disso aconteceu. Ao que parece, era um assunto bem arrumado e não passa de um episódio trágico. Contudo, a minha frieza incomoda-me, não pela ausência de tristeza e melancolia mas pela situação em si. Que mais poderá ser tão triste como morrer e não ter quem nos chore, alguém em quem deixamos saudade?
Incomodou-me ter que limpar os últimos sinais dela, a bicharada e a humidade deixada no soalho, incomoda-me ver os seus pertences, mexer nas suas coisas, mais ou menos íntimas, mas ainda assim não consegui ainda verter uma lágrima.
Dei por mim ontem a olhar algumas das dezenas de fotos que estavam arrumadas nas caixas de sapatos, misturadas. Achei piada em ver algumas fotos de quando era miúdo e que nunca tinha visto, de ver a minha mãe mais nova que eu, de olhar rostos ancestrais cujos nomes já foram esquecidos e sentir que já foram gente... É algo que gosto muito de fazer, contemplar fotografias.
No meio de tantas, também ela lá tinha lugar. Uma fotografia de família, em particular, tocou-me: estava a pousar com a mãe e a irmã mais nova sob uma fotografia do pai. E houve um momento, bastante longo, durante o qual me senti triste enquanto a olhava. Por um lado, a percepção de que também ela ja fora jovem, que já possuíra um corpo e feições que eu não chegara a conhecer; por outro lado, era o mesmo olhar e isso tornou tudo muito real. Independentemente de tudo, devo-lhe parte do que sou. Nos bons e nos maus momentos, tudo pelo que passei me tornou no que sou e me levou a encarar as coisas como o faço. E lamentei. É muito triste um desfecho destes. É triste morrer sozinha, caída no chão de um quarto, esquecida.
Continuo a não conseguir chorar a sua falta, por mais grosseiro que possa parecer, mas cá tenho as minhas razões. Sinto-me muito triste quando penso que haviam todos os ingredientes para sermos família, daquelas que se junta em datas especiais ou simplesmente porque sim para comer e confraternizar; quando penso que a sua ausência deveria ser sentida; sinto-me triste quando percebo que não estou triste e que ninguém em torno o está; sinto-me triste quando penso que havia tanto que podia ter sido e não foi...
quinta-feira, 8 de setembro de 2011
Harvesting
A paisagem que vislumbro quando vou à janela é um tanto imutável.
Quando era pequeno, era normal ver a minha rua, uma daquelas que termina numa praceta sem saída, cheia de putos, uns com bola, outros de patins ou bicicleta. Nós brincámos de tudo: escondidas, apanhada, bola, bicicleta, patins, skate, berlinde, macaca, 31, à batatada... Hoje, embora não tenha contacto com nenhum dos meus companheiros de brincadeira, olho esses tempos de inocência com saudade. Sou o último puto do meu tempo que ainda aqui mora.
Outra coisa de que me lembro de quando era mais puto, era dos rebanhos de ovelhas e dos pastores. Lembro-me do som dos badalos quando eles traziam o seu rebanho aqui a pastar (aproveitavam para vir à mercearia do meu prédio, então, a única no bairro todo!), dos balidos distintos de ovelhas e bodes, nas caganitas pretas, secas e esféricas que deixavam atrás de si. Lembro-me das capoeiras e dos coelhos da velhota que morava numa casa velha, quase em ruínas, nas traseiras do prédio.
Lembro-me do fascínio que era ir até ao menir (lá no alto do monte...) e à pedreira abandonada adjacente. Era sempre um desafio ir lá, o quebrar das regras, o perder a casa de vista, o isolamento de estar no alto do monte e ver a cidade e os seus muitos prédios lá ao longe, para um lado, e serras e montes vazios para o oposto.
Tanto à frente como atrás do prédio, haviam muitas árvores. Eucaliptos frondosos e de idade respeitável, oliveiras ainda mais antigas, figueiras (e que belos figos se comiam!!), dos canaviais junto à ribeira, das alcachofras em flor, dum roxo forte...
Com o tempo, os prédios foram crescendo, as árvores deitadas abaixo, os amigos mudaram-se e as crianças hoje preferem as consolas... O sol deixou de iluminar a minha casa até se pôr no monte e o carro já tem que lutar por lugares de parqueamento com outros de outros muitos vizinhos. As ovelhas há muito que desapareceram e os pastores também. A mercearia sucumbiu ao Pingo Doce e hoje já não há quaisquer alcachofras.
Mas de quando em vez, lá me apercebo que ela, a paisagem, não é imutável, mas sim lenta a mudar. Hoje pus-me a olhar o baldio que resta à frente da casa. A tão falada crise levou a que esse terreno, "baldio", deixasse de o ser. Vizinhos de longa data, daqueles que passavam o tempo pós-laboral a jogar à batota ou a investir em minis, entretêm-se hoje a cultivar tudo o que podem, mais aliás que aquilo que podem consumir. Levou-me igualmente a lembrar o antigamente, os tempos idos de que escrevi há pouco.
Estando ainda num estado embrionário, não deixa de ser bonito ver o terreno que a Câmara e a junta têm negligenciado a ser assim tratado. Cada espaço é cuidadosamente delimitado com as pedras grandes que foram retiradas dos terrenos, os caminhos são pavimentados com aquelas mais pequenas. Os bidões de água são arrumados uns ao lado dos outros. As carreiras de cultivo são todas alinhadas.
Sinais dos tempos, hoje lá vou comendo uns tomates e umas alfaces excedentes que são ofertadas à minha mãe. E verdade seja dita, a diferença nota-se à primeira trinca!
Quando era pequeno, era normal ver a minha rua, uma daquelas que termina numa praceta sem saída, cheia de putos, uns com bola, outros de patins ou bicicleta. Nós brincámos de tudo: escondidas, apanhada, bola, bicicleta, patins, skate, berlinde, macaca, 31, à batatada... Hoje, embora não tenha contacto com nenhum dos meus companheiros de brincadeira, olho esses tempos de inocência com saudade. Sou o último puto do meu tempo que ainda aqui mora.
Outra coisa de que me lembro de quando era mais puto, era dos rebanhos de ovelhas e dos pastores. Lembro-me do som dos badalos quando eles traziam o seu rebanho aqui a pastar (aproveitavam para vir à mercearia do meu prédio, então, a única no bairro todo!), dos balidos distintos de ovelhas e bodes, nas caganitas pretas, secas e esféricas que deixavam atrás de si. Lembro-me das capoeiras e dos coelhos da velhota que morava numa casa velha, quase em ruínas, nas traseiras do prédio.
Lembro-me do fascínio que era ir até ao menir (lá no alto do monte...) e à pedreira abandonada adjacente. Era sempre um desafio ir lá, o quebrar das regras, o perder a casa de vista, o isolamento de estar no alto do monte e ver a cidade e os seus muitos prédios lá ao longe, para um lado, e serras e montes vazios para o oposto.
Tanto à frente como atrás do prédio, haviam muitas árvores. Eucaliptos frondosos e de idade respeitável, oliveiras ainda mais antigas, figueiras (e que belos figos se comiam!!), dos canaviais junto à ribeira, das alcachofras em flor, dum roxo forte...
Com o tempo, os prédios foram crescendo, as árvores deitadas abaixo, os amigos mudaram-se e as crianças hoje preferem as consolas... O sol deixou de iluminar a minha casa até se pôr no monte e o carro já tem que lutar por lugares de parqueamento com outros de outros muitos vizinhos. As ovelhas há muito que desapareceram e os pastores também. A mercearia sucumbiu ao Pingo Doce e hoje já não há quaisquer alcachofras.
Mas de quando em vez, lá me apercebo que ela, a paisagem, não é imutável, mas sim lenta a mudar. Hoje pus-me a olhar o baldio que resta à frente da casa. A tão falada crise levou a que esse terreno, "baldio", deixasse de o ser. Vizinhos de longa data, daqueles que passavam o tempo pós-laboral a jogar à batota ou a investir em minis, entretêm-se hoje a cultivar tudo o que podem, mais aliás que aquilo que podem consumir. Levou-me igualmente a lembrar o antigamente, os tempos idos de que escrevi há pouco.
Estando ainda num estado embrionário, não deixa de ser bonito ver o terreno que a Câmara e a junta têm negligenciado a ser assim tratado. Cada espaço é cuidadosamente delimitado com as pedras grandes que foram retiradas dos terrenos, os caminhos são pavimentados com aquelas mais pequenas. Os bidões de água são arrumados uns ao lado dos outros. As carreiras de cultivo são todas alinhadas.
Sinais dos tempos, hoje lá vou comendo uns tomates e umas alfaces excedentes que são ofertadas à minha mãe. E verdade seja dita, a diferença nota-se à primeira trinca!
domingo, 17 de julho de 2011
A Baratinha
Dedico-me cada vez mais a observar os outros em silêncio. Há muito que o faço, que tento fazê-lo "de fora", ou seja, sem preconceitos ou estereótipos. Por isso, muitas vezes também me revejo naqueles que observo e consoante o que vejo me tento corrigir.
Podia falar da aventura que é andar no 36 da Carris sem auscultadores nos ouvidos e prestar atenção à conversa das duas chungas gordas que gozam com tudo e todos sem provavelmente terem espelho em casa (ou casa sequer); podia falar da tristeza de alma que é ir à Faculdade de Psicologia esperar a namorada e constatar que a grande maioria das alunas que a frequentam são ainda crianças, que se vestem e comportam como o haviam feito no secundário ou como quando vão a caminho da praia, e cujo discurso permite desvendar uma completa ausência de cultura, espírito crítico, dinamismo ou, em suma, inteligência; podia falar de tantas outras coisas que me têm vindo a incomodar... mas hoje apetece-me falar da barata de ontem.
Pela segunda vez numa semana, fui com a namorada ao McDonald's, esse restaurante típico português. Não é que goste, mas confesso que de quando em vez me sabe bem a ideia de cometer uma loucura calórica a uma velocidade fast; à miúda agrada a ideia de fazer a colecção de copos da CocaCola.
Dada a justificação da nossa visita, depois de momentos tristes a vários níveis enquanto se pediam os menús, lá encontrámos um lugar onde nos sentámos deliciados a degustar lentamente as nossas refeições. Pelo caminho, íamos observando os outros, maioritariamente em silêncio, sorrindo simplesmente quando o nível de estupidez começava a roçar o ilegal. Eles eram franceses que armavam uma bagunça; uma família de 6 que incentivava as crianças a comer depressa demais; ou uma senhora que não se decidia se havia de comer ou não, abrindo a sua salada para a fechar logo a seguir por diversas vezes.
Enquanto isto, uma barata de proporções admiráveis passeava-se pelo salão.
Podia falar da aventura que é andar no 36 da Carris sem auscultadores nos ouvidos e prestar atenção à conversa das duas chungas gordas que gozam com tudo e todos sem provavelmente terem espelho em casa (ou casa sequer); podia falar da tristeza de alma que é ir à Faculdade de Psicologia esperar a namorada e constatar que a grande maioria das alunas que a frequentam são ainda crianças, que se vestem e comportam como o haviam feito no secundário ou como quando vão a caminho da praia, e cujo discurso permite desvendar uma completa ausência de cultura, espírito crítico, dinamismo ou, em suma, inteligência; podia falar de tantas outras coisas que me têm vindo a incomodar... mas hoje apetece-me falar da barata de ontem.
Pela segunda vez numa semana, fui com a namorada ao McDonald's, esse restaurante típico português. Não é que goste, mas confesso que de quando em vez me sabe bem a ideia de cometer uma loucura calórica a uma velocidade fast; à miúda agrada a ideia de fazer a colecção de copos da CocaCola.
Dada a justificação da nossa visita, depois de momentos tristes a vários níveis enquanto se pediam os menús, lá encontrámos um lugar onde nos sentámos deliciados a degustar lentamente as nossas refeições. Pelo caminho, íamos observando os outros, maioritariamente em silêncio, sorrindo simplesmente quando o nível de estupidez começava a roçar o ilegal. Eles eram franceses que armavam uma bagunça; uma família de 6 que incentivava as crianças a comer depressa demais; ou uma senhora que não se decidia se havia de comer ou não, abrindo a sua salada para a fechar logo a seguir por diversas vezes.
Enquanto isto, uma barata de proporções admiráveis passeava-se pelo salão.
terça-feira, 12 de julho de 2011
Now I Lay Me Down To Sleep
A Celeste vestiu o vestido verde-escuro, aquele que usara há 53 anos atrás, o mesmo que envergou quando foi com o Artur pela primeira vez ao cinema. Era o vestido que trazia quando o Artur lhe roubou um beijo e lhe segurou a mão. Fechou o colar de pérolas-brancas de fantasia com duas voltas ao pescoço, uma longa e a outra justa. Colocou a aliança que nunca chegou a ser de casamento e o anel que a mãe lhe deixou, o que fora igualmente da sua avó. Nos pés, pôs uns sapatos de salto que condiziam com o vestido, saltos esses igualmente velhos como tudo o resto.
Tal como havia feito no dia anterior e nos dias antes desse, pôs um pouco de colónia e deu um último jeito ao cabelo diante do espelho. Não se preparava para ninguém senão para si mesma. Gostava de se sentir bonita apesar das rugas. Com um porta-moedas também velho e gasto mas bonito e elegante entalado sob o braço, passou pela Francisca da mercearia, onde comprou dois papo-secos e umas batatinhas para o jantar. Estava a pensar em cozê-las e depois comê-las em conjunto com uma lata de atum. Com a Francisca também trocou umas palavras sem grande importância, "tricas" como muitos lhe chamariam. Foi depois para o café, onde a Gorda lhe serviu a habitual meia-de-leite.
E, ali sentada numa mesa junto de uma janela, a Celeste sozinha ficou durante a tarde, como de costume. Já não é uma questão de gostar sequer. Nesta altura, para ela, é um dado adquirido. Sozinha no café assim como na vida, vive um dia após o outro em perfeita monotonia. No café observa os outros discretamente, analisa-lhes os gestos, a postura, a indumentária. Tira conclusões que guarda para ela simplesmente para depressa caírem no esquecimento. É o seu entretenimento. Ali está ela dia após dia, mas ainda assim ninguém repara nela.
Em casa, uma espessa camada de pó branco deposita-se sobre praticamente tudo. As forças e a vontade há muito se foram. Também há muito que não abre a porta de sua casa a ninguém, portanto desleixa-se sem remorsos. Apenas a cozinha apresenta a limpeza e arrumação de sempre. Ela gosta de cozinhar e embora o seu orçamento não lhe permita já fazer determinadas iguarias com a frequência de outros tempos, é com grande entusiasmo e um sorriso na cara que prepara cada uma das suas refeições.
Falou com o Tadeu depois do telejornal. Era quase sempre ela que lhe ligava e era ele que lhe trazia sempre as mercearias uma vez por semana, que a Celeste já não tem forças para ir e vir carregada do Supermercado. Era também a única maneira de ver o filho, pois ele desdobra o seu tempo entre trabalho e família, a sua nova família. A Francisca?! Coitada, também ela é velha e já não tem a mercearia como tinha faz já 30 anos. Com um beijo se despediu. Os netos e a nora não vieram ao telefone, como acontece muitas vezes. Celeste logo se foi sentar no lugar de sempre, defronte da TV.
Mais um dia se passou, menos um dia lhe falta. Que venha quando Deus quiser, pede ela todos os dias quando diz as suas orações junto da cama, mas que venha célere. E pois que essa foi a última vez que Celeste adormeceu.
Now I lay me down to sleep,
I pray the Lord my soul to keep,
If I shall die before I wake,
I pray the Lord my soul to take.
Tal como havia feito no dia anterior e nos dias antes desse, pôs um pouco de colónia e deu um último jeito ao cabelo diante do espelho. Não se preparava para ninguém senão para si mesma. Gostava de se sentir bonita apesar das rugas. Com um porta-moedas também velho e gasto mas bonito e elegante entalado sob o braço, passou pela Francisca da mercearia, onde comprou dois papo-secos e umas batatinhas para o jantar. Estava a pensar em cozê-las e depois comê-las em conjunto com uma lata de atum. Com a Francisca também trocou umas palavras sem grande importância, "tricas" como muitos lhe chamariam. Foi depois para o café, onde a Gorda lhe serviu a habitual meia-de-leite.
E, ali sentada numa mesa junto de uma janela, a Celeste sozinha ficou durante a tarde, como de costume. Já não é uma questão de gostar sequer. Nesta altura, para ela, é um dado adquirido. Sozinha no café assim como na vida, vive um dia após o outro em perfeita monotonia. No café observa os outros discretamente, analisa-lhes os gestos, a postura, a indumentária. Tira conclusões que guarda para ela simplesmente para depressa caírem no esquecimento. É o seu entretenimento. Ali está ela dia após dia, mas ainda assim ninguém repara nela.
Em casa, uma espessa camada de pó branco deposita-se sobre praticamente tudo. As forças e a vontade há muito se foram. Também há muito que não abre a porta de sua casa a ninguém, portanto desleixa-se sem remorsos. Apenas a cozinha apresenta a limpeza e arrumação de sempre. Ela gosta de cozinhar e embora o seu orçamento não lhe permita já fazer determinadas iguarias com a frequência de outros tempos, é com grande entusiasmo e um sorriso na cara que prepara cada uma das suas refeições.
Falou com o Tadeu depois do telejornal. Era quase sempre ela que lhe ligava e era ele que lhe trazia sempre as mercearias uma vez por semana, que a Celeste já não tem forças para ir e vir carregada do Supermercado. Era também a única maneira de ver o filho, pois ele desdobra o seu tempo entre trabalho e família, a sua nova família. A Francisca?! Coitada, também ela é velha e já não tem a mercearia como tinha faz já 30 anos. Com um beijo se despediu. Os netos e a nora não vieram ao telefone, como acontece muitas vezes. Celeste logo se foi sentar no lugar de sempre, defronte da TV.
Mais um dia se passou, menos um dia lhe falta. Que venha quando Deus quiser, pede ela todos os dias quando diz as suas orações junto da cama, mas que venha célere. E pois que essa foi a última vez que Celeste adormeceu.
Now I lay me down to sleep,
I pray the Lord my soul to keep,
If I shall die before I wake,
I pray the Lord my soul to take.
domingo, 10 de julho de 2011
The Sleep
Os sonhos são o relfexo da nossa vida emocional. Para Jung, era uma forma inconsciente arranjar equilíbrio, de chegar à raíz dos nossos problemas.
Questiono-me o que casas-de-banho claustrofóbicas a bordo de comboios suburbanos sobrelotados e que rumam a parte incerta e a ideia de viver dentro de um selo de correio têm que ver com a minha vida emocional...
This question haunts my mind
Will we survive this night?
We're harboring the meek
Will we survive the sleep?
Questiono-me o que casas-de-banho claustrofóbicas a bordo de comboios suburbanos sobrelotados e que rumam a parte incerta e a ideia de viver dentro de um selo de correio têm que ver com a minha vida emocional...
This question haunts my mind
Will we survive this night?
We're harboring the meek
Will we survive the sleep?
segunda-feira, 13 de junho de 2011
Modas
Ok, ok!
Depois do meu post anterior, pode-se inferir que eu não estaria propriamente virado para as escritas hoje.
Fui passear pelo Facebook. Ver o que andava o pessoal a fazer por lá, deixar uma música no mural da minha mais-que-tudo e vir-me embora.
Era esse o plano.
Mas quando fui à página principal, fiquei simplesmente parvo com a quantidade de pessoas que andam entretidas a fazer citações, umas em português mas grande parte em inglês, de outras pessoas, umas mais famosas que outras. Os temas dessas citações andam sempre à volta do mesmo: amor e personalidade. De entre as muitas, apenas três exemplos, para não enjoar (muito...!).
Depois do meu post anterior, pode-se inferir que eu não estaria propriamente virado para as escritas hoje.
Fui passear pelo Facebook. Ver o que andava o pessoal a fazer por lá, deixar uma música no mural da minha mais-que-tudo e vir-me embora.
Era esse o plano.
Mas quando fui à página principal, fiquei simplesmente parvo com a quantidade de pessoas que andam entretidas a fazer citações, umas em português mas grande parte em inglês, de outras pessoas, umas mais famosas que outras. Os temas dessas citações andam sempre à volta do mesmo: amor e personalidade. De entre as muitas, apenas três exemplos, para não enjoar (muito...!).
"Quanto mais diferente de mim alguém é, mais real me parece, porque menos depende da minha subjectividade." - Fernando Pessoa
"Whenever you find yourself on the side of the majority, it's time to pause and reflect." - Mark Twain
"Esta vida é tão curta que é melhor dares valor a quem te dá ati ! Não percas tempo com quem queres que te de."Virou moda, é?!
O Doce da Vida
Queria partilhar com o mundo a minha alegria e regozijo. Queria tentar traduzir por palavras aquilo que sinto por aquela por quem o meu coração bate. Queria... mas prefiro guardar esses sentimentos apenas para mim. Sou demasiado egoísta.
... estou simplesmente a viver um sonho! =)
... estou simplesmente a viver um sonho! =)
terça-feira, 7 de junho de 2011
Falling Away From Me
The day is here fading
That's when i'm insane
I flirt with suicide
Sometimes kills the pain
I can always say
It's gonna be better tomorrow
Falling away from me
Falling away from me
Foram cinco anos de luta, estudo e borga.
Se tivesse excluído a última parte, te-los-ia feito em apenas três, mas não foi o que aconteceu. Além disso, a borga também faz parte da vida. Eu pelo menos assumo a minha responsável irresponsabilidade, na medida em que fui encarregue (psicológica e financeiramente) pelos meus estudos e não lamento os dois anos que perdi em termos de curriculum.
That's when i'm insane
I flirt with suicide
Sometimes kills the pain
I can always say
It's gonna be better tomorrow
Falling away from me
Falling away from me
Foram cinco anos de luta, estudo e borga.
Se tivesse excluído a última parte, te-los-ia feito em apenas três, mas não foi o que aconteceu. Além disso, a borga também faz parte da vida. Eu pelo menos assumo a minha responsável irresponsabilidade, na medida em que fui encarregue (psicológica e financeiramente) pelos meus estudos e não lamento os dois anos que perdi em termos de curriculum.
Aquilo que me ponho a lamentar é que ao fim de dois dias de procura pela net de emprego na área industrial, o que encontro são vagas para técnicos especializados como soldadores, torneiros, serralheiros ou então diplomados em electrotecnia e automação.
Porra! Eu há anos que digo que o que gosto é mesmo automação, controlo e todas as artes associadas e, qual chapada do destino, sinto hoje que o curso dito polivalente e com 100% de empregabilidade que tirei não serve. Por duas vezes ouvi já dizerem-me que tenho um bom curso mas que é demasiado valente, demasiado vago.
E cá estou eu, perdido... call-centres, venham a mim! E enquanto isso, deixa lá ver quanto custa um curso de electrotecnia no ISEL.
Three simple rules
1. If you don't go after what you want, you'll never have it;
2. If you don't ask, the answer will always be no;
3. If you don't step forward, you will always be in the same spot.
2. If you don't ask, the answer will always be no;
3. If you don't step forward, you will always be in the same spot.
domingo, 5 de junho de 2011
Jeremy
And he hit me with a surprise left
My jaw left hurting
Oh dropped wide open
Just like the day
Oh like the day i heard
Em puto tive vários diários mas nunca os soube usar. Por diversas vezes tentava começar um diário mas limitava-me a descrever o meu dia-a-dia durante um punhado deles e depois, enfadado, deixava de o fazer.
Hoje sei que apenas determinados acontecimentos despertam a minha necessidade de escrever. Apenas os sentimentos que advêm dessas situações, na verdade. Amor, ódio, raiva, saudade, tristeza, alegria... e em criança essas coisas não se manifestavam como hoje. Era tudo mais relativizado, não as entendia e como tal não conseguiria construir opiniões fundamentadas. Normal, acho eu.
Quando era mais novo, a minha felicidade cingia-se a poder ir andar de bicicleta ou a espalhar Legos pelo chão da sala; a minha tristeza manifestava-se na impossibilidade da minha felicidade; não me lembro de alguma vez ter sentido raiva senão quando os Legos que possuía não eram suficientes para a empreitada em curso; ódio foi um sentimento que apenas descobri já na adolescência, embora não o soubesse na altura. Mas uma coisa que tive desde que me lembro, e muito, foram saudades. Mas nunca as escrevi, talvez porque sentar-me no chão a brincar ou montar-me em cima dos pedais me permitia abstrair delas. Gostava que ainda assim fosse.
Isto não é um lamento, apenas uma introspecção... hoje isso também já virou passado e por isso não vou escrever sobre o que poderia ter escrito no passado, sobre eventos com já duas décadas, desenterrar memórias e acontecimentos que ficaram esquecidos e que assim se querem.
Hoje fui simplesmente ler alguns dos apontamentos que tenho feito quando não tenho internet disponível para os publicar de imediato, os quais preciso anotar para não me esquecer. Às vezes é aquela frase, naquela hora, e não me posso dar ao luxo de a perder. Muitas vezes, quando vou para as publicar, refreio. O sentimento já afrouxou; as palavras já não fazem sentido; ou simplesmente, mais calmo, me apercebo que escrevi coisas impulsivamente e sobre as quais já meditei mais e melhor e já não são o que pensava serem.
Aconteceu que hoje encontrei dois apontamentos feitos há uns meses atrás os quais pensei terem sido impulsivos e não tão acertivos quanto isso, mas quero hoje publicá-los. Estão em inglês porque às vezes me apetece escrever em inglês; não os traduzo porque sei que cairei na tentação de alterar uma vírgula ou duas...
Para terminar, como diria António Gedeão «o sonho comanda a vida» e ser embarcadiço deixou de ser o meu sonho.
My jaw left hurting
Oh dropped wide open
Just like the day
Oh like the day i heard
Em puto tive vários diários mas nunca os soube usar. Por diversas vezes tentava começar um diário mas limitava-me a descrever o meu dia-a-dia durante um punhado deles e depois, enfadado, deixava de o fazer.
Hoje sei que apenas determinados acontecimentos despertam a minha necessidade de escrever. Apenas os sentimentos que advêm dessas situações, na verdade. Amor, ódio, raiva, saudade, tristeza, alegria... e em criança essas coisas não se manifestavam como hoje. Era tudo mais relativizado, não as entendia e como tal não conseguiria construir opiniões fundamentadas. Normal, acho eu.
Quando era mais novo, a minha felicidade cingia-se a poder ir andar de bicicleta ou a espalhar Legos pelo chão da sala; a minha tristeza manifestava-se na impossibilidade da minha felicidade; não me lembro de alguma vez ter sentido raiva senão quando os Legos que possuía não eram suficientes para a empreitada em curso; ódio foi um sentimento que apenas descobri já na adolescência, embora não o soubesse na altura. Mas uma coisa que tive desde que me lembro, e muito, foram saudades. Mas nunca as escrevi, talvez porque sentar-me no chão a brincar ou montar-me em cima dos pedais me permitia abstrair delas. Gostava que ainda assim fosse.
Isto não é um lamento, apenas uma introspecção... hoje isso também já virou passado e por isso não vou escrever sobre o que poderia ter escrito no passado, sobre eventos com já duas décadas, desenterrar memórias e acontecimentos que ficaram esquecidos e que assim se querem.
Hoje fui simplesmente ler alguns dos apontamentos que tenho feito quando não tenho internet disponível para os publicar de imediato, os quais preciso anotar para não me esquecer. Às vezes é aquela frase, naquela hora, e não me posso dar ao luxo de a perder. Muitas vezes, quando vou para as publicar, refreio. O sentimento já afrouxou; as palavras já não fazem sentido; ou simplesmente, mais calmo, me apercebo que escrevi coisas impulsivamente e sobre as quais já meditei mais e melhor e já não são o que pensava serem.
Aconteceu que hoje encontrei dois apontamentos feitos há uns meses atrás os quais pensei terem sido impulsivos e não tão acertivos quanto isso, mas quero hoje publicá-los. Estão em inglês porque às vezes me apetece escrever em inglês; não os traduzo porque sei que cairei na tentação de alterar uma vírgula ou duas...
Jeddah, Saudi Arabia, Jan. 09th 2011 17:31 (GMT+3)
Where is the excitement?!
I stopped to think in my present condition: I’m working abroad, doing what I said… what I thought I wanted to do for living, having done practically a voyage around the world, but I feel no excitement at all. I find no reason that makes me want to wake up in the morning, I find no job interesting and I’m always looking at the clock looking for the time I can get some sleep: at least the time flows by a little bit faster.Should I feel like this?! Do other people live like this?A month ago I went ashore in China. After practically 3 months on board, I stepped solid ground in a place it’s said to be half work away and… well, banal! I was expecting to feel like a child, smashing my face against the car’s window looking at everything, trying to absorb every detail, but that didn’t happen. In fact, it seemed just like a trip to a chinese store back home: the same smell of boiled rice mixed with dust and baby poo, the same dirt found in those same stores and a lot of Chinese who speak nothing else but their home language.China is definitely a dirty country. I’ve been told this before but now I saw it with my own eyes. They are simply dirty people, the streets are all filled with dust and the air is thick and chocking. Too noisy, too much confusion, chaotic traffic, too many neon lights.Today we’re at anchor in Jeddah, Saudi Arabia’s Red Sea cost. We are simply waiting for the end of the month to finally discharge our cargo in a nearby port. Today I feel miserable, missing everybody in general, one in particular. Today I try to fill my free time reading, playing games or watching movies, but nothing catches my attention. I also tried to walk on deck, but I don’t really want to move a muscle. I try to sleep, but I mind doesn’t let me.I’m running out of options here. I don’t know what to do with my life, I don’t know what I want if I really want anything at all.All I want in life is to be happy.
Jeddah, Saudi Arabia, Feb. 21st 2011 19:28 (GMT+3)
This happened not long ago.It’s said that man is a creature of habits. Especially when one is confined in a small space for a long period, these habits tend to manifest themselves with a bigger emphasis.This mean that, besides getting out of the bed at 07h00m and check my e-mail at 19h00m on a daily basis, I have a peaceful American Coffee in the ECR soon after lunch together with third engineer. During these coffee’s, we either discuss some subjects related to our work on board or some other bullshit.During one of these coffees somewhere last week, we had no subject to discuss. Because a long silence is most times very disturbing, I just said something like “within 4 hours we’re done for today!” and put a big smile in my face.- And why is that you want 17h that much? Have you got a date?!For those who don’t get the irony in his words, we have been anchored 12 km’s outside of Jeddah for the last two months. And even if we weren’t, we certainly wouldn’t be able to go ashore anyway, so of course I didn’t have a date of any kind.However, the answer to his question was simple: the sooner the time goes by, the sooner I’m back home.After this I realized that for the last 4 or even 5 months I have been counting the time in weeks, not in days. “They signed-off two weeks ago” or “it took us five and a half weeks to get to China” are two examples of how I began to relate time. I don’t find it good, because while ashore I always find situations on my daily life that set a mark, something that I will remember for a while and will help me to relate time; here I don’t. All days are equal and I hardly find something that can make each day unique. And so, I feel like time is going by fast, carrying along the life I could or I wish I could have had.Yeah, I’m still young you might say; but so they were when they came on board 30 and 40 years ago and look what they have turned into…!
Para terminar, como diria António Gedeão «o sonho comanda a vida» e ser embarcadiço deixou de ser o meu sonho.
Even Flow
Algures sobre Innsbruck, 04 Junho 2011 16:12 (GMT+1)
Even flow, thoughts arrive like butterflies
Oh, he don't know, so he chases them away
Someday yet, he'll begin his life again
Whispering hands, gently lead him away
Him away, him away...
Yeah!
Assim de repente, acho que tudo na vida se pode comparar com um peido.
Palavras. Tal como o primeiro, uma vez deitadas cá para fora não há volta a dar, estão ditas. Não se pode anular o dito da mesma maneira que não se pode esconder um traque malcheiroso. É incrível (e bem conhecido) o efeito de uma simples frase mal formulada. Nem o sincero “não foi isso que quis dizer!” o pode alterar.
Mas esta ideia apareceu-me não por ter sucumbido à tentação de libertar uma bufa em pleno avião (… a qual estava cá, confesso) mas sim por me ter apercebido que certas coisas que fazemos na vida, certas acções, uma vez feitas não podem ser desfeitas. Como o querer mudar de vida assim muito radicalmente. Agora, de malas aviadas e metido num avião, não há volta a dar.
Não me arrependo do que estou a fazer. Estou consciente do risco que corro e predisponho-me a corrê-lo. Talvez a vontade de dar um peido venha do receio que tenho de os meus planos falharem, de conhecer e saber bem que a Lei de Murphy tem fundamento e se aplica a tudo na vida. Talvez venha do facto de me sentir sempre a ser julgado, observado e comparado.
E atrás disto vem a sensação de solidão.
Even flow, thoughts arrive like butterflies
Oh, he don't know, so he chases them away
Someday yet, he'll begin his life again
Whispering hands, gently lead him away
Him away, him away...
Yeah!
Assim de repente, acho que tudo na vida se pode comparar com um peido.
Palavras. Tal como o primeiro, uma vez deitadas cá para fora não há volta a dar, estão ditas. Não se pode anular o dito da mesma maneira que não se pode esconder um traque malcheiroso. É incrível (e bem conhecido) o efeito de uma simples frase mal formulada. Nem o sincero “não foi isso que quis dizer!” o pode alterar.
Mas esta ideia apareceu-me não por ter sucumbido à tentação de libertar uma bufa em pleno avião (… a qual estava cá, confesso) mas sim por me ter apercebido que certas coisas que fazemos na vida, certas acções, uma vez feitas não podem ser desfeitas. Como o querer mudar de vida assim muito radicalmente. Agora, de malas aviadas e metido num avião, não há volta a dar.
Não me arrependo do que estou a fazer. Estou consciente do risco que corro e predisponho-me a corrê-lo. Talvez a vontade de dar um peido venha do receio que tenho de os meus planos falharem, de conhecer e saber bem que a Lei de Murphy tem fundamento e se aplica a tudo na vida. Talvez venha do facto de me sentir sempre a ser julgado, observado e comparado.
E atrás disto vem a sensação de solidão.
Paradise City
Mar Tirreno, 30 Maio 2011 20:58 (GMT+1)
Take me down to the Paradise City
Where the grass is green and the girls are pretty
Oh won’t you please take me home?
Começa assim este clássico do Rock.
A bordo, os dias sucedem-se sem grandes aventuras, novidades, emoções ou seja o que for. Vazios e rotineiros, depressivos e angustiantes, talvez seja esta a descrição que mais se aproxima da realidade.
Mais um dia se passou e decidi ir fazer a digestão do jantar com um passeio ao convés, apanhar ar fresco e sol, andar um pouco e afastar-me do barulho. Procurar um pouco de solidão no meio da já tanta solidão que é estar no mar. Pode-se perguntar se não é a mesma coisa, estar a olhar o mar e as nuvens à proa ou à popa, mas não é. A verdade é que lá, a vante, consigo pensar, afastado do zumbido dos ventiladores e do ribombar dos geradores.
Entretive-me a olhar o sol a brincar por entre nuvens e a tentar contar as ondas, perdido num emaranhado de pensamentos respeitantes a amores, desamores, trabalho, futuro, esperanças, putos, milhas por hora, colunas de água entre mil outras coisas. A certa altura, vi um avião a aparecer por detrás de uma nuvem e observei-o durante os cerca de cinco minutos que levou a passar, até desaparecer por detrás de outra nuvem qualquer. Foi então que cheguei a uma conclusão desconcertante.
Ora bem, antes de avistar o dito avião, estive a olhar o mar, como já referi. E durante 30 ou 40 minutos, estive aparentemente no mesmo sítio. Entenda-se, se tivesse tirado uma fotografia naquele minuto e a tivesse comparado com outra tirada 30 minutos antes, seria praticamente igual. Para mim, era como se estivesse parado. Já aqueles que iam no avião vêm algo diferente a cada minuto. Pelo menos, se alguém sequer espreitou pela janela, viram um navio perdido algures lá em baixo, parado.
E foi aí que me apercebi que eu aqui estou mesmo parado. Aqui fechado, apenas vejo a vida a passar por mim, os outros a passar. Porque, independentemente do tempo que passar, ao olhar para a frente terei sempre a mesma vista: um céu azul, ondas e nuvens. Os amigos, as oportunidades, momentos, alegrias, dissabores, resumidamente todas as coisas que uma pessoa dita normal tem diariamente passam-me ao lado, simplesmente porque estou isolado do mundo. Lembrei-me de algo que costumava dizer mas do qual parece que me tenho vindo a esquecer: não te arrependas do que fazes, mas sim daquilo que não fizeste.
Como posso pensar em ter uma vida privada dos pequenos prazeres diários em prol de meia dúzia de luxos espontâneos e fugazes?! Como me irei eu mesmo perdoar se daqui a 10 ou 15 anos ainda aqui estiver, no mesmo sítio, sem ter tentado chegar a algum outro?! Como posso eu hoje ter medo que me censurem de querer eu simples e figurativamente dar à praia?!
Há muito que conheço o meu lado depressivo e destrutivo. Há muito também que aprendi a contornar esse lado, procurando incansavelmente estímulos que o possam manter adormecido. Aqui é impossível. Simplesmente, encaro-me todos os dias de manhã e pergunto que estou aqui a fazer, o que espero obter daqui (pessoalmente e até mesmo profissionalmente, dado que isto já foi uma grande escola, mas hoje tenho sérias dúvidas, embora isso fuja do tema) e porque raios me permito ser voluntariamente prisioneiro a contrato.
O Shrek diz a certa altura à Fiona num dos filmes da saga que foi ela que o salvou a ele da torre e do dragão, não o contrário. Eu no fundo… pensando nisso, acho que o facto de o meu coração ter dono fez com que eu acordasse para esta realidade, com que no fundo tivesse consciência da minha miserável condição e que despertasse a vontade de fugir, de ter uma vida que não esta.
Lembro-me assim muito de repente da Alegoria da Caverna, essa obra fantástica e tão negligenciada pelos futuros seja-o-que-for do país, e apercebo-me do quão ela é assertiva em vários campos. Ora senão vejamos que, enquanto o meu coração estava livre (“apaixonado”, “iludido”, “enganado” ou qualquer outro adjectivo que não “comprometido” e simultaneamente “retribuído”), eu não me importava muito com esta vida. Quer dizer, era chata uma vez que não podia ir beber um copo, dar uma volta de bike ou simplesmente fazer gazeta e culpar uma gripe fulminante qualquer. Mas quando achamos aquele alguém que nos faz realmente olhar a vida de maneira diferente pela primeira vez, aquele alguém por quem vamos ali e mais além, tudo vem ao de cima e um simples avião é capaz de fazer grandes revelações.
E a acrescentar a tudo isto, há o factor monetário, mas esse não é para aqui chamado. Como diria alguém, "too fucking much information!" e já fica além do que quero partilhar.
Pois bem, levei cerca de 25 minutos a conseguir organizar as minhas ideias e a passá-las a papel. A título de curiosidade, nestes mesmos 25 minutos o navio de onde me deprimo limitou-se a percorrer 8 600 metros, mais ou menos centímetro… É caso para se dizer “heading to nowhere fast”, hein?!
Take me down to the Paradise City
Where the grass is green and the girls are pretty
Oh won’t you please take me home?
Começa assim este clássico do Rock.
A bordo, os dias sucedem-se sem grandes aventuras, novidades, emoções ou seja o que for. Vazios e rotineiros, depressivos e angustiantes, talvez seja esta a descrição que mais se aproxima da realidade.
Mais um dia se passou e decidi ir fazer a digestão do jantar com um passeio ao convés, apanhar ar fresco e sol, andar um pouco e afastar-me do barulho. Procurar um pouco de solidão no meio da já tanta solidão que é estar no mar. Pode-se perguntar se não é a mesma coisa, estar a olhar o mar e as nuvens à proa ou à popa, mas não é. A verdade é que lá, a vante, consigo pensar, afastado do zumbido dos ventiladores e do ribombar dos geradores.
Entretive-me a olhar o sol a brincar por entre nuvens e a tentar contar as ondas, perdido num emaranhado de pensamentos respeitantes a amores, desamores, trabalho, futuro, esperanças, putos, milhas por hora, colunas de água entre mil outras coisas. A certa altura, vi um avião a aparecer por detrás de uma nuvem e observei-o durante os cerca de cinco minutos que levou a passar, até desaparecer por detrás de outra nuvem qualquer. Foi então que cheguei a uma conclusão desconcertante.
Ora bem, antes de avistar o dito avião, estive a olhar o mar, como já referi. E durante 30 ou 40 minutos, estive aparentemente no mesmo sítio. Entenda-se, se tivesse tirado uma fotografia naquele minuto e a tivesse comparado com outra tirada 30 minutos antes, seria praticamente igual. Para mim, era como se estivesse parado. Já aqueles que iam no avião vêm algo diferente a cada minuto. Pelo menos, se alguém sequer espreitou pela janela, viram um navio perdido algures lá em baixo, parado.
E foi aí que me apercebi que eu aqui estou mesmo parado. Aqui fechado, apenas vejo a vida a passar por mim, os outros a passar. Porque, independentemente do tempo que passar, ao olhar para a frente terei sempre a mesma vista: um céu azul, ondas e nuvens. Os amigos, as oportunidades, momentos, alegrias, dissabores, resumidamente todas as coisas que uma pessoa dita normal tem diariamente passam-me ao lado, simplesmente porque estou isolado do mundo. Lembrei-me de algo que costumava dizer mas do qual parece que me tenho vindo a esquecer: não te arrependas do que fazes, mas sim daquilo que não fizeste.
Como posso pensar em ter uma vida privada dos pequenos prazeres diários em prol de meia dúzia de luxos espontâneos e fugazes?! Como me irei eu mesmo perdoar se daqui a 10 ou 15 anos ainda aqui estiver, no mesmo sítio, sem ter tentado chegar a algum outro?! Como posso eu hoje ter medo que me censurem de querer eu simples e figurativamente dar à praia?!
Há muito que conheço o meu lado depressivo e destrutivo. Há muito também que aprendi a contornar esse lado, procurando incansavelmente estímulos que o possam manter adormecido. Aqui é impossível. Simplesmente, encaro-me todos os dias de manhã e pergunto que estou aqui a fazer, o que espero obter daqui (pessoalmente e até mesmo profissionalmente, dado que isto já foi uma grande escola, mas hoje tenho sérias dúvidas, embora isso fuja do tema) e porque raios me permito ser voluntariamente prisioneiro a contrato.
O Shrek diz a certa altura à Fiona num dos filmes da saga que foi ela que o salvou a ele da torre e do dragão, não o contrário. Eu no fundo… pensando nisso, acho que o facto de o meu coração ter dono fez com que eu acordasse para esta realidade, com que no fundo tivesse consciência da minha miserável condição e que despertasse a vontade de fugir, de ter uma vida que não esta.
Lembro-me assim muito de repente da Alegoria da Caverna, essa obra fantástica e tão negligenciada pelos futuros seja-o-que-for do país, e apercebo-me do quão ela é assertiva em vários campos. Ora senão vejamos que, enquanto o meu coração estava livre (“apaixonado”, “iludido”, “enganado” ou qualquer outro adjectivo que não “comprometido” e simultaneamente “retribuído”), eu não me importava muito com esta vida. Quer dizer, era chata uma vez que não podia ir beber um copo, dar uma volta de bike ou simplesmente fazer gazeta e culpar uma gripe fulminante qualquer. Mas quando achamos aquele alguém que nos faz realmente olhar a vida de maneira diferente pela primeira vez, aquele alguém por quem vamos ali e mais além, tudo vem ao de cima e um simples avião é capaz de fazer grandes revelações.
E a acrescentar a tudo isto, há o factor monetário, mas esse não é para aqui chamado. Como diria alguém, "too fucking much information!" e já fica além do que quero partilhar.
Pois bem, levei cerca de 25 minutos a conseguir organizar as minhas ideias e a passá-las a papel. A título de curiosidade, nestes mesmos 25 minutos o navio de onde me deprimo limitou-se a percorrer 8 600 metros, mais ou menos centímetro… É caso para se dizer “heading to nowhere fast”, hein?!
terça-feira, 10 de maio de 2011
Hora de Ponta
O trânsito nas metrópoles costuma ser caótico. Lisboa não é excepção e isso aliado à minha falta de paciência para a estupidez alheia faz com que os meus miolos fritem várias vezes por minuto enquanto conduzo. Alturas há em que dou mesmo por mim a rosnar com o caramelo da frente. Pode dizer-se que tenho uma condução agressiva, reconheço-o.
Todo este post pode parecer arrogante. Bom, na verdade, acho mesmo que é, pois é mais um argumento típico de um qualquer que se julga o melhor condutor do mundo. Não o sou, afianço-vos desde já: sou feliz com o segundo lugar.
Mas tenho uns certos... "valores", passo a expressão. Antes de mais, tenho um fanatismo pelos chamados piscas: gosto de saber as intenções dos outros condutores e como tal acho justo que eles saibam as minhas; ando sempre o mais à direita possível para que as faixas à esquerda permitam a ultrapassagem daqueles que levam mais pressa do que eu; não faço espertezas para passar dois ou três ou vinte carros à frente, já que à partida todos queremos chegar ao destino...
... e agora que penso nisso, talvez nos fiquemos por aqui no que respeita aos "valores".
Seja como for, o não-cumprimento destes por parte dos outros automobilistas incomoda-me. Sobretudo quando estou, por exemplo, num cruzamento à espera de passagem há séculos e dois carros seguidos viram à direita sem fazer pisca enquanto eu fico a vê-los passar; ou quando eu levo mais pressa que outros mas eles teimam em ir na faixa da esquerda a 80 km/h com as duas faixas da direita livres; ou ainda quando estou há vinte minutos na fila para subir a Calçada de Carriche e uns quantos marmelos que vieram a dita toda pela faixa BUS se aproveitam de um pouco de inércia para tomar um lugar centenas de carros à frente, colando um autocolante na testa de todos com as letras e s t ú p i d o ou o t á r i o ...
Sinais de luz e buzinadelas são úteis nestas situações, quanto mais não seja para libertar a tensão causada pela frustração de nada poder fazer para corrigir estas faltas de civismo, embora ela fique mais chateada comigo por buzinar que eu com o trânsito. Por isto, ultimamente tenho-me portado que nem um anjo - pelo menos na presença dela.
Mas quem não reconhece o alívio de uma buzinadela com sentimento acompanhada de um vai p'ó...?!
Todo este post pode parecer arrogante. Bom, na verdade, acho mesmo que é, pois é mais um argumento típico de um qualquer que se julga o melhor condutor do mundo. Não o sou, afianço-vos desde já: sou feliz com o segundo lugar.
Mas tenho uns certos... "valores", passo a expressão. Antes de mais, tenho um fanatismo pelos chamados piscas: gosto de saber as intenções dos outros condutores e como tal acho justo que eles saibam as minhas; ando sempre o mais à direita possível para que as faixas à esquerda permitam a ultrapassagem daqueles que levam mais pressa do que eu; não faço espertezas para passar dois ou três ou vinte carros à frente, já que à partida todos queremos chegar ao destino...
... e agora que penso nisso, talvez nos fiquemos por aqui no que respeita aos "valores".
Seja como for, o não-cumprimento destes por parte dos outros automobilistas incomoda-me. Sobretudo quando estou, por exemplo, num cruzamento à espera de passagem há séculos e dois carros seguidos viram à direita sem fazer pisca enquanto eu fico a vê-los passar; ou quando eu levo mais pressa que outros mas eles teimam em ir na faixa da esquerda a 80 km/h com as duas faixas da direita livres; ou ainda quando estou há vinte minutos na fila para subir a Calçada de Carriche e uns quantos marmelos que vieram a dita toda pela faixa BUS se aproveitam de um pouco de inércia para tomar um lugar centenas de carros à frente, colando um autocolante na testa de todos com as letras e s t ú p i d o ou o t á r i o ...
Sinais de luz e buzinadelas são úteis nestas situações, quanto mais não seja para libertar a tensão causada pela frustração de nada poder fazer para corrigir estas faltas de civismo, embora ela fique mais chateada comigo por buzinar que eu com o trânsito. Por isto, ultimamente tenho-me portado que nem um anjo - pelo menos na presença dela.
Mas quem não reconhece o alívio de uma buzinadela com sentimento acompanhada de um vai p'ó...?!
domingo, 8 de maio de 2011
(Sem Título)
Parece que é incontornável o facto de haver sempre algo errado. Por mais sacrifícios que faça, parece que há sempre um algo ou alguém que me arruína o estado de espírito. Como os bons Portugueses costumam dizer, se não for do cu será das calças. Eu acrescento que também pode ser dos dois.
Sinto-me a ser estrangulado enquanto as minhas mão estão presas, impotente. Quero fazer, quero dar, assegurar. Apetece-me rosnar, morder até aqueles abutres e víboras, mas não me cabe a mim fazê-lo. Entristece-me vê-la rodeada de pessoas interesseiras, falsas, oportunistas. Enojam-me aqueles sorrisos, abraços e festinhas nos ombros quando é precisa. Enojam-me mensagens ocas publicadas em redes sociais. Entristecem-me faltas respeito, de consideração. Entristece-me não a falta de reconhecimento em si mas a metamorfose que certas atitudes tomam consoante as situações. As discussões desmotivam-me. As forças desaparecem-me e as rugas despertam.
Sinto-me triste por tudo.
Mais uma vez quero berrar. Apenas berrar, sem nada dizer porque tudo já foi dito vezes e vezes sem conta. Apetece-me chorar. Continuo a não conseguir, embora ontem tenha soluçado no ombro dela - efeito do álcool, quiçá. Continuo a querer fugir, mas o Mar já não me alicia como antigamente.
De dia para dia me começo a convencer que a solução acabará por passar por algo como amor e uma cabana à beira-mar... eu e ela.
Sinto-me a ser estrangulado enquanto as minhas mão estão presas, impotente. Quero fazer, quero dar, assegurar. Apetece-me rosnar, morder até aqueles abutres e víboras, mas não me cabe a mim fazê-lo. Entristece-me vê-la rodeada de pessoas interesseiras, falsas, oportunistas. Enojam-me aqueles sorrisos, abraços e festinhas nos ombros quando é precisa. Enojam-me mensagens ocas publicadas em redes sociais. Entristecem-me faltas respeito, de consideração. Entristece-me não a falta de reconhecimento em si mas a metamorfose que certas atitudes tomam consoante as situações. As discussões desmotivam-me. As forças desaparecem-me e as rugas despertam.
Sinto-me triste por tudo.
Mais uma vez quero berrar. Apenas berrar, sem nada dizer porque tudo já foi dito vezes e vezes sem conta. Apetece-me chorar. Continuo a não conseguir, embora ontem tenha soluçado no ombro dela - efeito do álcool, quiçá. Continuo a querer fugir, mas o Mar já não me alicia como antigamente.
De dia para dia me começo a convencer que a solução acabará por passar por algo como amor e uma cabana à beira-mar... eu e ela.
sábado, 2 de abril de 2011
Kiss Me
Never I found this comfort in anybody's arms before. Never I felt the assurance of anybody's kiss. Also, never have I've felt such a strong bind when holding anybody else's hand.
I never thought I liked you this much. And even though, there you were all along...!
I want to write and shout, and want to stay put and quiet, want to stare and touch you. I can't find the right words right now, everything I write seem empty of the magnificence of what is crossing both my mind and chest. So I think a kiss will say it all, won't it?!
I never thought I liked you this much. And even though, there you were all along...!
I want to write and shout, and want to stay put and quiet, want to stare and touch you. I can't find the right words right now, everything I write seem empty of the magnificence of what is crossing both my mind and chest. So I think a kiss will say it all, won't it?!
sexta-feira, 25 de março de 2011
How to Succeed
1. Don’t talk negatively about people behind their backs. If you gossip, people won’t confide in you. Mind your own business.
2. Try to work for someone who challenge your powers. You’ll learn more in a year than four years of college.
3. Successful bosses have good communications skills. They learn from people, including their employees.
4. Work in such a way that makes your boss look good. It’s not flattery.
5. On downsizing, the first to go are those with few friends. Bosses prefer competent people whom they respect.
6. Dress for the job you want, not the one you have. Let your dress reflect professionalism.
7. Workout to get in good physical shape. Unless exceptionally skilled, the unhealthy are at a comparative disadvantage.
8. Personal integrity is crucial. Tell nothing but the truth. Bosses can forgive mistakes but if you lie, you’re gone.
9. Be on time. Try to arrive a few minutes early. It saves you from stress. You’ll be much relaxed and work better.
10. Strive your best to keep a deadline. If you cannot meet it, then apologize and ask for an extension.
11. Don’t take things personally. If some people are unhappy with you, it’s their problem. But always strive to give your best.
12. If you must correct someone, don’t get personal about it. Do it never in front of others.
13. Spend some time alone everyday. What’s the mission of my life? What do I want to be? And how to go about it.
14. As you move along plan A of your career, maintain a plan B as well – an alternative course to rely.
15. Always remember that the secret of success is passion. Always think big. Spread love and joy. You’ll have blissful years ahead.
Got it?!
2. Try to work for someone who challenge your powers. You’ll learn more in a year than four years of college.
3. Successful bosses have good communications skills. They learn from people, including their employees.
4. Work in such a way that makes your boss look good. It’s not flattery.
5. On downsizing, the first to go are those with few friends. Bosses prefer competent people whom they respect.
6. Dress for the job you want, not the one you have. Let your dress reflect professionalism.
7. Workout to get in good physical shape. Unless exceptionally skilled, the unhealthy are at a comparative disadvantage.
8. Personal integrity is crucial. Tell nothing but the truth. Bosses can forgive mistakes but if you lie, you’re gone.
9. Be on time. Try to arrive a few minutes early. It saves you from stress. You’ll be much relaxed and work better.
10. Strive your best to keep a deadline. If you cannot meet it, then apologize and ask for an extension.
11. Don’t take things personally. If some people are unhappy with you, it’s their problem. But always strive to give your best.
12. If you must correct someone, don’t get personal about it. Do it never in front of others.
13. Spend some time alone everyday. What’s the mission of my life? What do I want to be? And how to go about it.
14. As you move along plan A of your career, maintain a plan B as well – an alternative course to rely.
15. Always remember that the secret of success is passion. Always think big. Spread love and joy. You’ll have blissful years ahead.
Got it?!
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