terça-feira, 22 de maio de 2012

É segredo!

Quando era pequeno, lembro-me do entusiasmo que ficava quando alguém me dizia "é segredo". Era algo que apenas eu e poucos mais sabiam, o que por si só era fantástico. Por outro lado, o facto de terem depositado confiança em mim para saber algo que mais ninguém sabe enchia-me o ego, deixava-me feliz. Afinal, era alguém em quem confiavam, era um amigo.

Ao crescer, fui ouvindo cada vez menos "é segredo, não contes a ninguém", mas nem por isso deixaram de haver segredos. Entre outras coisas, o crescer traz o discernimento necessário para sabermos distinguir o que é um segredo daquilo que não é. É um componente directamente associado à maturidade.

É óbvio que se desabafo algo menos bom sobre seja o que for com alguém, não estou à espera de saber por portas e travessas que foi transmitido a outros. Se quisesse que outros soubessem, sou grande e vacinado o suficiente para o dizer por mim.

E isso deixa-me mesmo muito fodido.

É por essas e por outras que, com alguma frequência, oiço "estás sempre calado", "não desabafas comigo", "andas frio"... De vez em quando lá me esqueço do que a casa gasta, torno-me mole e sentimental e zás! ... levo um murro bem no meio do fuçinho.

Não tenho só mau feitio: sou é muito rigoroso com as regras pelas quais pauto o meu comportamento. As moscas não se apanham com vinagre... isso é certo.

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