domingo, 17 de julho de 2011

A Baratinha

Dedico-me cada vez mais a observar os outros em silêncio. Há muito que o faço, que tento fazê-lo "de fora", ou seja, sem preconceitos ou estereótipos. Por isso, muitas vezes também me revejo naqueles que observo e consoante o que vejo me tento corrigir.

Podia falar da aventura que é andar no 36 da Carris sem auscultadores nos ouvidos e prestar atenção à conversa das duas chungas gordas que gozam com tudo e todos sem provavelmente terem espelho em casa (ou casa sequer); podia falar da tristeza de alma que é ir à Faculdade de Psicologia esperar a namorada e constatar que a grande maioria das alunas que a frequentam são ainda crianças, que se vestem e comportam como o haviam feito no secundário ou como quando vão a caminho da praia, e cujo discurso permite desvendar uma completa ausência de cultura, espírito crítico, dinamismo ou, em suma, inteligência; podia falar de tantas outras coisas que me têm vindo a incomodar... mas hoje apetece-me falar da barata de ontem.

Pela segunda vez numa semana, fui com a namorada ao McDonald's, esse restaurante típico português. Não é que goste, mas confesso que de quando em vez me sabe bem a ideia de cometer uma loucura calórica a uma velocidade fast; à miúda agrada a ideia de fazer a colecção de copos da CocaCola.

Dada a justificação da nossa visita, depois de momentos tristes a vários níveis enquanto se pediam os menús, lá encontrámos um lugar onde nos sentámos deliciados a degustar lentamente as nossas refeições. Pelo caminho, íamos observando os outros, maioritariamente em silêncio, sorrindo simplesmente quando o nível de estupidez começava a roçar o ilegal. Eles eram franceses que armavam uma bagunça; uma família de 6 que incentivava as crianças a comer depressa demais; ou uma senhora que não se decidia se havia de comer ou não, abrindo a sua salada para a fechar logo a seguir por diversas vezes.

Enquanto isto, uma barata de proporções admiráveis passeava-se pelo salão.

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