quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Stellar

Meet me in outer space
We could spend the night watch the earth come up
I've grown tired of that place won't you come with me
We could start again.


Pessoas a falar da crise, do "destapar de um lado para tapar do outro", da falta de dinheiro e do pessimismo generalizado, das propinas e das contas para pagar. A mesma conversa de sempre!

Na minha curta vida ainda não houve uma altura em que ouvisse outra lamuria. Aliás, é precisamente o contínuo "eu há dez anos apertava o cinto mas ainda dava para fazer..." que me impressiona, pois a seguir este raciocínio dentro de uma década teremos saudades da actualidade e do Sócrates.

Eu vejo as coisas hoje como as via há dez anos, há quinze... na mesma. Os empregos continuam precários, no desemprego somos dos maiores e os ordenados não satisfazem as necessidades consumistas. Continuam a haver diferenças ofensivamente escandalosas entre os ordenados dos empregados e dos gestores e assessores e directores e demais senhores gravata.

Mas nem tudo está igual, pois a arrogância aumentou. Também se está mais consumista, mais porco, mais feio.

Continuamos a olhar para o lado quando algum sem-abrigo ou aleijado nos estende a mão, como se não ali estivesse. É certo que nem todos são merecedores de esmola alguma, mas a generosidade alfacinha é tal que das vezes que puxo da carteira quase me sinto envergonhado de tantos olhares frios a fitarem-me, como que espantados pelo gesto. Quase... pois logo depois o olhar de gratidão de quem tem muito menos que me reconforta e assegura que o que fiz foi o correcto.

Continuamos a queixar-nos do Sócrates, mas antes era do Santana e antes ainda do Durão e do Guterres.

Não se aponta o dedo, sempre mo disseram... mas a culpa desta situação não é de todos nós?! Todos queremos aquilo que não temos e pouco ou nenhum valor damos àquilo que já temos e, para tal, endivida-mo-nos consecutivamente na esperança de um futuro melhor que pague essas dívidas. Não somos nós tão maus ou piores que aqueles que nos dirigem e a quem apontamos o dedo?

Serei eu superior à plebe? Será que ninguém pensa além da "caixa", fora da consciência de manada? Será que alguém alguma vez pensou nisto?!

Com uma coisa eu me identifico: a inércia de fazer seja o que for. Dá demasiado trabalho e se outros não fazem, porque raios haveria de ser eu a fazê-las? Prefiro despejar as minhas frustrações num espaço cibernético um tanto ou quanto incógnito ou queixar-me verbalmente pelos corredores. Pensando nisso, aquilo que tenho em comum com o resto será certamente a inercia a olhar para algo que esteja mais além do meu umbigo.

Bah!! Nunca gostei de discutir política... que raio escrevo eu?! Sinto-me incomodado com uma entrevista do 30 minutos e acabo a falar do Sócrates e de esmolas... I'm amazed with myself!

Meet me in outer space
I will hold you close if you're afraid of heights
I need you to see this place it might be the only way that I can show you how
It feels to be inside of you

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